Plagiando o título do livro de Antônio Bivar eu começo esse post propondo uma reflexão sobre os fatos que estão em destaque na grande mídia atualmente. O que é Punk?
Já deve ser de conhecimento de todos os crimes que foram realizados na cidade de São Paulo e que foram atribuídos a "punks". Ora, então a sociedade está em risco? Estamos todos ameaçados e fadados a sermos vítimas nessa guerra urbana? E que tipo de guerra é essa? Contra quem? Contra o que? Primeiramente vamos esclarecer alguns pontos...
A primeira coisa que deve ser levada em consideração nesse caso é a definição das coisas. Nós sabemos como a mídia pode ser sensacionalista e certos termos, padrões e rótulos caem como uma luva para esse tipo de mídia marron. O que devemos lembrar é que antes de discutirmos se essas pessoas que cometeram tais atos são ou não punks, temos que ter em mente que, sem dúvida alguma, eles são criminosos. Assim como o são os ditos "torcedores" de torcidas organizadas que vão aos estádios com o único e vil objetivo de arranjar brigas e fazer vítimas. São criminosos trasvestidos de integrantes de um determinado grupo social, deixando assim a responsabilidade em cima desses grupos e não no indivíduo, não nele próprio.
movimento era um foco de moda. Simultaneamente a isso, era revelado ao mundo as primeiras bandas inseridas nesse conceito punk, tais quais como Sex Pistols, The Clash e anteriormente Ramones (esta última de origem Norte-Americana, mas também inserida nesse contexto pela volta à simplicidade musical, um fator determinante no início do punk). O modo de pensar (e agir) punk e seu disurso sobre a liberdade (artística, pessoal, social) acabou se mesclando com um outro conceito, muito mais antigo, o do anarquismo. Estava feita a parceria perfeita. O conceito de anarquismo nos remete a Antiguidade, dos pensadores da Gréia Antiga, queO segundo ponto tem a ver com a própria definição de punk. Etmológicamente a palavra de origem inglesa "punk" é uma gíria que tem em seu significado algo próximo de "moleque". Ao que me consta, uma das primeiras aparições desse termo na grande mídia (mesmo que ainda não tivesse a conotação que tem hoje) foi em um filme de velho oeste estrelado por Clint Eastwood, onde este, fazendo o papel de mocinho e homem da lei, xinga o bandido de "punk" como um sinônimo para "vagabundo". Já o conceito de punk como conhecemos hoje foi uma revolução sobre o pré-estabelecido em várias frentes da sociedade, sendo as principais delas a moda e a música. Aliás, a moda influenciou o começo desse movimento muito mais do que as pessoas pensam, mais até do que a música, sendo que o reduto londrino de onde emergiu tal vem da idéia da ausência do Estado. Muitos veêm a anarquia como sinônimo de "ausência de ordem" quando na verdade quer dizer "ausência de governo" (vendo o governo sob a ótica de agente coercivo ou autoritário). Esse cenário foi formado na década de 70 como uma forma de protesto com a geração anterior, da década de 60, a geração Hippie. Enquanto os hippies viam o mundo como um lugar lindo e cheio de flores, os punks, muito embora também desejassem um lugar assim, sabiam que as coisas estavam muito longe disso. Então eles resolveram ser sinceros e escancarar pra quem quisesse ver (e também pra quem não quisesse) do que realmente era feito o mundo. Tentaram passar através de suas roupas, seu estilo, sua música, a decadência que presenciavam dia-a-dia. E é nessa sinceridade, juntamente com os ideiais libertários do anarquismo, que se baseia o preceito primordial do punk. O D.I.Y. (do it yourself), o "faça você mesmo". E esse é o ponto onde eu quero chegar!
Toda essa história aconteceu a uns 30 anos atrás. Então, qual é o sentido das pessoas se vestirem do mesmo jeito, fazerem a mesma música, repetirem a mesma coisa? O que isso tem de punk!?! Cadê o conceito de "faça você mesmo"? Tá parecendo mais com o conceito de "siga o mestre"! Determinar fórmulas, regras para o punk!?!?!? Não faz o mínimo sentido! Não mesmo... Algo que nasceu justamente para libertar da pressão social aqueles que não se enquadravam, mas que não deixavam de ser menos humanos por causa disso. Algo que fez com que as pessoas pudessem ser elas mesmas, fazendo suas próprias escolhas e se sentindo bem assim, sem depender da aceitação alheia, agora é enlatado, rotulado, para poder ser vendido, como tudo no nosso sistema capitalista. E o que essas guangues de ditos "punks" conseguem com tudo isso? Qual libertação que elas alcançam dessa forma, a base da violência (fisíca)? Em primeira análise parece ser apenas uma forma de afirmação, de aceitação perante um grupo, justamente o que a ideologia punk sempre foi contra. Indo mais fundo nesse assunto, dentro de um contexto social, nos deparamos com um outro fato. O de que nenhum grupo, tenha ele qual ideologia que for, está livre de indivíduos propensos a cometerem atos contrários ao conceito original do próprio grupo e que provoque sofrimento a outros indivíduos. Seja em movimentos urbanos, torcidas organizadas ou religiões (vide casos como a Irlanda, ou a guerra no Oriente Médio). E a imprensa, como o veículo responsável pelo fator da comunicação em uma sociedade como a nossa, deveria estar mais preocupada em retratar as verdades dos fatos em casos como este. Então, acautelem-se pais! Nem todos os filhos que começam a ouvir aquela "barulheira", andar com camisetas e/ou fazer tatuagens com o nome de suas bandas preferidas, ou espetar o cabelo e usar coturno (embora eu seja contra a repetição, ainda mais quando não se conhece os valores envolvidos) vão se tornar criminosos. Apenas os que assim o quiserem, mas não por influência de determinada banda, música ou ideologia (levando em consideração que não seja uma ideologia fascista).
Concluindo, ser punk é ser você. É achar o seu verdadeiro "eu", dar ouvidos a ele, e não fazer algo apenas porque todos fazem e sempre foi assim. E não dizer "amén" e sim "por que?". É romper com pré-estabeleido sempre que o pré-estabelecido nos causa algum mal. E é lutar sim pelo que se acha certo e contra o que se acha errado, mas é também ter o bom senso de meditar profundamente sobre esses valores.
Links:
Revista da Folha - Capa, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8
Veja São Paulo - Eles tem ódio de que?
Matéria no Fantástico sobre punks
O Que É Punk - Meu Manifesto, por James Iso
88 FM: Esclarecendo o que é punk... de verdade!
Qual o jogo de video-game com a trilha sonora mais loka?!?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
O "Punk Manifesto" do Greg Graffin explica bem melhor o que é a linha de pensamento Punk, sem esses clichês.
E tem na net também, ou só impresso? Se tiver passa o link ae pra gente!
Valeu...
Ta certissimo cara,
a vida hoje se ve cercada de rotulos,
a sociedade dita as regras:
"Diga teu rotulo e eu te direi quem és",
pois as pessoas perderam a muito tempo esse sentido,
hoje simplesmente qualquer um chega a uma loja de roupas e pensa: "Eu que ser o que?"
E ainda pior "O que eles querem que eu seja?"
Precisamos acabar com isto,
eu quero apenas ser eu mesmo e
não a marca ou o estilo de roupa que compro.
É impressionante, mas o individuo no sentido literal da palavra a cada dia perde ainda mais seu valor.
T+, é isso ai e
Parabéns pelo blog
Brunão 9 Seconds
Tá show de bola o blog, cara...continue assim, levantando discussões realmente pertinentes à cena underground!
Abraço!
muito bom joão, esse texto falo tudo..
Pra mim esses ''punks'' de hj em dia de punk n tem nada, ta mais pra siga o mestre.
Postar um comentário